Olho estes homens, tão jovens,
Sem tempo para sonhar,
Vomitando as tripas
Nas brancas areias da praia…
Estes homens que nadam e sufocam,
Que correm e que tombam,
Tais marionetes disformes,
Fazendo a guerra,
Sonhando com a paz…
O mar escarlate, lava
Os restos de batalhas perdidas
Em sofrimento e horror.
Nas vinhas da margem,
A colheita será amarga
O vinho sabe a ferro…
Atacar, recuar, correr, matar.
Matar o inimigo… o inimigo, teu irmão,
A tua imagem no espelho disforme
Da guerra… gritando por um ideal.
As balas silvam e uivam
Nos capacetes, rochedos e ossos.
É preciso avançar, continuar,
Sem parar, sem pensar…
És a moeda dum tempo de guerra…
És um homem…
Que cai, mas que conta por mais um…
Ou… menos um…
E sempre os gritos de dor, de terror,
Ritmados pelo morteiro,
Cantando bemóis e sustenidos raiva,
Nota a nota, num crescendo melódico
Até ao grande final…
A luz, está na mira da espingarda.
Mas será o brilho da pólvora?
E será a mesma para todos?
Mesmo para aqueles,
Do outro lado da duna…?